O leite é um creme e a Kate Moss é porque sim
Este site foi criado para mostrar além de toda a minha actividade profissional, revelar também a cozinha de autor que vou criando no dia a dia, não duplicar receitas já feitas com ajustes e pitadas disto e daquilo, daqui e dali.
Hoje, para ser diferente do habitual, deixo aqui um mail, enviado por uma amiga DaCozinha, a Fátima Rolo Duarte, que está na Bélgica e vem no Verão a Portugal, fazer uma visita e uma foto-reportagem, na cozinha para publicar no seu f-world. Achei que, apesar do carácter pessoal e íntimo do mail, o conteúdo se encaixava no perfil descontraído de cozinhar e de escrever aqui no site. E a Fátima escreve deliciosamente bem… as palavras são dela, apenas encaixei o “ingredientes” e o “modo de preparação” para efeitos de formatação, tal como os bullets, nos ingredientes.
Ingredientes:
- 1 litro de leite belga
- 150 gramas de açúcar belga
- 60 gramas de farinha nacional, daí, Portugal que é bom
- 1 casca de limão roubado
- 1 pau de canela que não serviu para mexer o café. Uma mania muito lisboeta.
- 3 a 4 ou 5 ou 6 gemas de ovos portugueses. Pensando melhor: 4 gemas de ovos (as claras são para as farófias)
Modo de preparar:
Leite para dentro de uma caçarola bonita. Casca de limão depois de lavado para dentro do mesmo leite que está dentro da mesma caçarola e tudo e tudo até ferver.
Misturar bem o açúcar com a farinha e a pouco e pouco, mas mesmo aos bocadinhos, juntar isto ao leite. Mexer, mexer, mexer sempre! 25 de Abril, também! Deixar ferver durante alguns minutos. Mexer, mexer até que qualquer pessoa consciente perceba que a mistura engrossou, ganhou consistência. É uma mistura com ar de mistura.
À parte, dentro de uma tigela bonita, estão as 4 gemas de ovos à espera do que há-de vir que vem e é agora: juntar um bocadito do creme que andou no lume a estas gemas felizes e só depois desta operação se pode passar à morosa e delicada etapa que se lhe segue.
Etapa da montanha: Com muita paciência, juntar o preparado das gemas e tal e coisa ao preparado do leite com a casca do limão e tal e coisa. Petit à petit, em português: é preciso calma. Bocadinho de mistura de gemas para dentro do leite e mexer, mexer, mexer com calma e alguma impaciência mas tem de ser e está quase. Está tudo misturado? Leite quase leite-creme para dentro de uma taça bonita e frigorífico. Sem hesitar.
Tempo de relax. Arrumar a balbúrdia, lavar as loiças, caçarola, colheres de pau, facas e manter tudo fora do alcance das crianças que deverão aguardar em casa de um familiar ou amigo, ou inimigo. Tanto faz.
Mal a coisa se considere arrefecida, de ânimos menos exaltados chegou o momento sexy:
Espalhar açúcar à superfície da mistura amarelada e queimá-la com raiva e amor mas também com um queimador desses que se compram em lojas e que se pedem assim: tem um queimador para leite-creme?
A ideia é que o açúcar fique queimado. Questão de química, está bem de ver que rima com comer.
Pronto. «Vai tudo correr bem».
Beijinhos para Ana e José da Fátima Rolo Duarte
A fotografia? É do livro de cozinha da Madalena. Quem é a Madalena? É a amiga da Kate Moss.
E pronto, partilhei. Deliciem-se. Com as palavras e com este leite creme. E a Kate Moss é porque sim.
Take my love,
JoeBest
Parabéns! A cereja no topo do bolo! Depois do arroz de pato (tenho gravada na minha memória a foto do arrozinho) o leite creme!!! Uauuuu!!
Só falta: como derreter folhas de gelatina – para principiantes – em 10 fases com devidas ilustrações:)
Uma abraço ao Chefe e um beijo à minha mais recente amiga (Tens uma sorteeeeeeee…)