Futre e o GastroPub daCozinha
Só faltava esta via. Depois do bam bam bam nas redes, regresso a casa. Vir aqui escrever e partilhar é uma espécie disso. Até tenho banda sonora e tudo, A sort of homecoming dos U2.
Fazer um jantar para o Futre, que já não servia há quase 30 anos tinha obrigatóriamente que dar que falar. Estava à espera que tivéssemos agenda, todas as partes interessadas…
E um dia o telefone tocou e era o Luís Avelãs do jornal Record a dizer que estava encontrado o dia possível para todos, de um jantar há muito anunciado. E que vinha o José Manuel Freitas d´ABola, amigo também de longa data e o Paulo Futre com os sobrinhos.
Perguntada a ementa, só foi respondido o habitual: alergias conhecidas e ódios de estimação. Há pessoas que odeiam pepinos, favas, miudezas, sangues, farinheiras etc. E outras que fazem alergia a alguns alimentos, para lá dos celíacos, intolerantes ao gluten.
Não havia mais perguntas a fazer se não para que horas estava marcada a peleja. O resto já estava a ferver no pensamento. Como diz o meu amigo e DJ compositor das bandas sonoras daCozinha “tu tens uma panela de pressão no cérebro”.
E disse eu ao Avelãs:
-Vou fazer um jantar GastroPub
– Vais quê????
– Deixa comigo!
– OK tu é que sabes!!
E foi assim, sem tirar nem pôr.
Comecei a imaginar um menu com 11 iguarias, de pequenas delicadezas e grandes sabores, da minha gastronomia, da cozinha de autor, a minha corrente. E mais um folhado de farinheira e gastrique de morango e figo, como amuse do chefe, quente a estalar, do forno para a mesa. Uma surpresa. E ainda uma 13ª que teria que ser a sobremesa. Lembrei-me de executar uma ideia que já andava aqui a moer há muito tempo, inspirada no ALINEA e em Grant Achatz. Com muito show off e sabores, grand finale, porque a sobremesa e o café, normalmente têm muito impacto na avaliação de uma refeição, são os sabores que ficam e perduram.
Fui à Acrilcorte e mandei fazer a travessa para empratar a sobremesa… 2,20 mts por 1,10 mts!
A ementa. De notar que deixei os meus estagiários&aprendizes, o Rookies Team (Diogo Henriques e Nuno Granjeiro, estudantes de cozinha) criar um prato no Halftime. Fizeram-no debaixo de uma pilha de nervos, by the way. Foi um rolo de linguado com coração de bacalhau Pil Pil. Ensinei-lhes a receita do Pil Pil no próprio dia, eles idealizaram o resto. O linguado em show cooking na mesa, finalizado a maçarico.
Os vegetais ficaram a cargo do João Sales da CozinhAlternativa, porque trabalha directamente com os produtores e as hortas biológicas da região. Tudo escolhido a dedo, tudo em pequenos formatos, tudo recém apanhado. Como sempre. Em variedade e frescura é sempre assim para todos!
Ah! E ainda trouxe caixas de cartão biodegradável, cones de folha de pinho e folhas de milho, para empratamentos bem terra a terra. Adivinhava-se uma noite em cheio e toda a gente queria ajudar para que fosse uma das inolvidáveis! Até os duendes daCozinha…
E começado o desfile, entre ais e uis, de emoção no palato…
…chegámos ao momento mais aguardado da noite, para o team daCozinha e para os convidados. Era surpresa, mas sabiam que eu não ia deixar créditos por mãos alheias…
Nas palavras de Futre, tirando o evidente exagero “és o melhor cozinheiro do mundo, és muito melhor do que o Adriá”, tirei toda a recompensa por fazer as pessoas felizes, por me cansar, por dormir pouco e por criar todos os dias novas texturas, aromas e sabores.
Mandem sempre, digo eu. Eu é que agradeço.
Take my love,
Joe Best
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